Essas empresas de checagem se mostraram fundamentais diante das desinformações sobre a pandemia de covid-19
Por Pedro Ferreira
No Brasil, checar a fonte de uma informação ficou cada vez mais complexo diante da quantidade de notícias falsas produzidas diariamente. No país já existe cerca de sete empresas especializadas em fact- checking, que fazem o trabalho de verificação de fatos ou dados. Diante disso, essas agências de checagem de notícias surgiram no país nos últimos anos para auxiliar a sociedade a enfrentar o desafio da desinformação.
Ana Regina Rêgo, jornalista e coordenadora do NUJOC checagem, diz que a grande produção de desinformação realizada no Brasil é um desafio para os checadores de notícias.

“Há uma grande produção de desinformação diariamente que coloca os jornalistas checadores em um trabalho intermitente, vinte e quatro horas por dia. Outro grande desafio é o pequeno alcance que tanto o jornalismo das vias digitais, quanto as checagens tem diante da grande fluidez da desinformação”, afirma Ana Regina.
Regina Rêgo também destaca uma pesquisa feita pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts. O Estudo mostra que as notícias falsas se espalham 70% mais rápido que as verdadeiras, e alcançam muito mais gente ganhando espaço na internet ao invés de notícias verdadeiras. “Isso tudo faz com que esse cenário seja muito desafiador e do meu ponto de vista não completamente pode ser combatido somente com o jornalismo ou checagem,” acrescenta Ana Regina.
Ana Rita Cunha, diretora de estratégia e comunidades do site de checagem Aos Fatos, diz que o acesso ao conteúdo checado para o público é uma das dificuldades.
“Um dos principais desafios das agências de checagem é ampliar o acesso ao seu conteúdo e chegar a mais leitores. Outro obstáculo é do universo da desinformação, onde as pessoas que desinformam sofisticam seus métodos de produzir conteúdo enganoso e isso dificulta para que investiguemos redes de notícias falsas”, afirma Ana Rita.
A jornalista destaca a necessidade das agências de checagem, pois são importantes para fornecer ferramentas e ajudar as pessoas a navegar diante de tanta desinformação. “Ao checar falas de políticos e boatos das redes sociais, contribuímos com mais informação de qualidade circulando. Além disso, fazemos manuais e explicadores para ajudar nossos leitores a fazerem suas próprias checagens e a compreenderem temas que estão sendo alvo de desinformação”, completa a jornalista.
Marcio Granez, jornalista e subcoordenador do projeto NUJOC checagem, reforça que o auxílio da tecnologia pode impulsionar o trabalho das agências de fact-checking.
“Precisamos de mais inteligência artificial aliada à checagem humana para potencializar o trabalho de checagem. A criação de mecanismos automatizados para identificar e barrar conteúdo enganoso. Penso que uma interação maior entre a área da TI e o jornalismo poderia auxiliar nesse sentido, talvez em projetos desenvolvidos no âmbito das universidades. Já há alguns projetos nesse sentido, mas ainda são tímidos”, destaca o professor.
Marcio ainda comenta os desafios dessas empresas de checagem diante do cenário político atual, visto que o presidente Jair Bolsonaro é repreendido diariamente pela disseminação de notícias falsas. “Ao nível governamental, o fato de termos uma presidência marcada pela atitude negacionista tem sido um dos maiores desafios para todos os que trabalham com checagem”, finaliza.
Agências de fact-checking no Brasil
O Brasil possui algumas agências de checagem de notícias que se destacaram nos últimos anos, fazendo a verificação de discursos políticos, como também na correção de dados falsos sobre a pandemia de covid-19 e outros assuntos. O luneta listou alguns sites que fazem fact-checking no país.
No Piauí, ainda existe o NUJOC Checagem, projeto de jornalismo de verificação vinculado ao Curso de Jornalismo e ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Piauí. Como também, A COAR notícias, sendo um projeto de fact-checking criado no Piauí que menciona as práticas de apuração com o toque de seleção de grãos de café. O projeto foi criado com o intuito de ajudar os piauienses a entenderem como o jornalismo é fundamental em qualquer época.