Reunião com leitores do clube de livros 'Leia Mulheres' - Foto: Araceli Alves

Conheça o Leia Mulheres, que marca encontros mensais e usa a literatura como ferramenta de visibilidade de autores e incentivo à leitura no País

O clube de livro vem se destacando por divulgar autoras femininas e incentivando a leitura em meio à disparidade de gênero na literatura brasileira

por Elaine Divino

O incentivo à leitura e o consumo de livros ainda é uma barreira polarizada entre a população, já que, infelizmente, a literatura ainda tem um acesso elitizado. Apesar dos problemas nos últimos anos — em destaque na pandemia em 2020  — com a ascensão das redes sociais, como tik tok, novas ferramentas online de acesso à literatura começaram a surgir e incentivar jovens e adultos a aderirem à cultura de ler, conhecida como booktok. Logo, com a difusão de novas formas de se pensar a literatura, começam a se popularizar clubes de livros pelo Brasil.

Os Clube de Livros são uma forma de promover autores de diversas nacionalidades, incentivando a intelectualidade e debate de temas. O Leia Mulheres é um projeto que foi idealizado em São Paulo por Juliana Gomes em 2015, após Joanna Walsh popularizar nas redes sociais a hashtag #readwomen2014 (leia mulheres 2014). O Clube, que se tornou sucesso após o primeiro encontro com a leitura “A Redoma de Vidro”, de Sylvia Plath, se popularizou e alcançou diversas outras cidades do Brasil, incluindo Teresina, a capital do Piauí.

O Leia Mulheres trata-se de um clube de livro que promove visibilidade para autoras femininas no Brasil. Araceli Maria Alves, uma das mediadoras do projeto em Teresina, comentou sobre a diferença entre livros escritos por homens e mulheres no Brasil e como o projeto busca romper com convenções estabelecidas. 

“Uma pesquisa feita pela Universidade de Brasília revela que mais de 70% dos livros publicados por grandes editoras brasileiras entre 1965 e 2014 foram escritos por homens. Para combater essa disparidade, o clube adota uma abordagem única em cada cidade, como em Teresina, onde a curadoria é feita por Dani Marques e eu’’ diz Araceli.

Reunião do clube de livros Leia Mulheres
Clube de livros ‘Leia Mulheres’ – Foto: Araceli Alves

A mediadora também destaca sobre como funcionam as reuniões do clube e destaca a iniciativa como um espaço para ampliar voz à escrita feminina “Aqui em Teresina, o primeiro encontro foi em junho de 2017, e o livro discutido foi ‘Um Teto Todo Seu’ da Virgínia Woolf. Com um formato trimestral, o clube seleciona autoras internacionais, nacionais e locais para discussão, permitindo que a comunidade vote nas escolhas por meio das redes sociais. Essa iniciativa destaca a importância de dar voz e espaço para a escrita feminina no cenário literário brasileiro.” afirmou.

Araceli ainda diz que homens podem participar do clube, mas somente mulheres podem ser mediadoras. Dani Marques, também mediadora do clube, conta que o último encontro depois do lockdown foi recorde público, onde as leitoras debateram  ‘A Vida Invisível’, de Eurídice Gusmão. Revela também que apesar dessa notoriedade dos clubes, ainda existe dificuldades de acesso a livros devido ao alto custo. 

“Livro ainda é um produto muito caro, mesmo com esse boom de clubes de leitura. Precisamos de políticas de incentivo à leitura, acesso a bibliotecas, redução do preço, quem sabe assim teríamos uma mudança nos índices.”, destaca Dani.

Os encontros do Leia Mulheres acontecem no último sábado de cada mês, às 16h, de forma simultânea em todas as cidades que possuem o clube. O grande destaque do clube de livro é o estímulo à leitura, unindo pessoas independente do gênero, profissão e idade. Atraindo o público para fora de suas zonas de conforto e desafiando leituras que normalmente não leriam. Nas palavras de Araceli, “Ler transforma!”. O próximo encontro do clube acontecerá em junho, para comemorar os sete  anos do Leia Mulheres. 

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