Segundo o estudo “Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdade e violação de direitos”, quatro milhões de meninas no Brasil não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais.
Emily Gabriele e Kassandra Soares
Pedaços de pano, de papel ou até mesmo sacolas plásticas são utilizados para substituir um absorvente no controle da menstruação. Enquanto para uma parte das mulheres, o cuidado é algo normal do período, para outra parte as condições são precárias. A pobreza menstrual afeta mais do que podemos imaginar; uma boa parte da população não tem acesso a absorventes, infraestrutura de higiene, e nem mesmo conhecimentos para cuidados que envolvam a menstruação.
Em outubro de 2021, o Presidente Jair Bolsonaro vetou a criação do Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual (Lei 14.214) que visava a distribuição gratuita de absorventes femininos para estudantes de baixa renda, e pessoas em situação de rua. Porém, em março de 2022, o Congresso Nacional derrubou o veto.
De todo modo, o veto do presidente causou revolta e as pessoas realizaram protestos, principalmente nas redes sociais. Vídeos de meninas em situação de pobreza menstrual foram compartilhados ao longo das semanas.
Enquanto o compartilhamento acontecia pela internet, outras pessoas viram esse momento como oportunidade para debater o assunto de pobreza menstrual no Brasil, e para ajudar outras mulheres através de projetos que arrecadam e doam kits com absorventes para pessoas em situação de vulnerabilidade.
Um desses projetos é o Mermã, Tá Aqui. Começou na prática em setembro de 2021 com a sugestão de doações em absorventes, ou em transferências via PIX de um ou dois reais. A ideia surgiu antes do isolamento no início da pandemia, quando a Maitê de Barros, coordenadora do projeto, leu um artigo que trazia a pergunta: O que é pobreza menstrual e o que você pode fazer para combater?

A professora da Rede Municipal morou fora por muito tempo e relembra que não tinha condições para comprar absorventes, tendo que usar pedaços de pano e meias. Por essa e várias outras situações parecidas, a vontade de construir o projeto aumentava. Segundo ela, o nome Mermã, Tá Aqui veio da ideia de quando a menstruação vem de forma repentina, e as mulheres de forma natural se mobilizam para ajudar umas às outras nesse momento.
Na Vila Campino, um dos locais que recebe as doações do projeto, a líder da ocupação Thays Cristina, conta que a entrega gratuita de absorventes beneficia mais de 60 meninas que moram naquela região. Thays explica que na Vila existem famílias compostas apenas por mulheres, que já relataram o quanto os absorventes do projeto fazem diferença. E que, quando o ciclo menstrual chegava para todas ao mesmo tempo, elas não tinham condições para comprar absorventes, tendo que substituir pelo uso de panos.

Ela afirma que o projeto é de extrema importância para trazer um pouco de dignidade menstrual para muitas mulheres. “Fica bem claro no olhar quando a entrega é feita, o ar de alívio e felicidade”, conta.
Outro projeto bastante conhecido é a Girl Up. Fundada pela Fundação da ONU em 2010 o projeto tem como objetivo o empoderamento e desenvolvimento da liderança de várias meninas ao redor de todo o mundo. Aqui no Brasil o programa protocola projetos de lei no combate à pobreza menstrual e, além disso também contribui com a doação de absorventes.
A Girl Up Teresina destina parte dos materiais para instituições sociais como a Casa de Zabelê, a Casa Savina e para a ordem religiosa católica Carmelo, todas localizadas em Teresina, e para mulheres em situação de rua. O projeto Girl Up Teresina atualmente está em recesso, mas segue recebendo doações.
Amei muito essa matéria, acredito que o intuito desse projeto vai ajudar muita gente, muito obrigado por distribuírem conhecimento
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