Com os direitos básicos ameaçados, aumenta a quantidade de pessoas em situação de rua
Por Cecília Marques e Glória Santana
Uma das consequências causadas pela pandemia foi a crise na economia. Direitos básicos como alimentação e moradia ficaram comprometidos, acarretando aumento considerável no número de pessoas sem-teto. No Brasil os índices de desemprego tiveram alta de 3,4%, com mais 489 mil pessoas desempregadas. O país tem mais de 220 mil pessoas em condições de rua. Alimentos básicos como arroz, feijão, entre outros, se tornaram artigos de “luxo”, fazendo com que nem todos tivessem condições de comprar o essencial.
Em Teresina, o crescimento do número de pessoas vivendo em situação de rua pode ser medido pela quantidade de atendimentos realizados pelo Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop), que tem o propósito de atender famílias e indivíduos nas mais diversas situações de vulnerabilidade social ou violação de direitos, e recebe apoio da prefeitura. O Centro oferece atividades socioeducativas, alimentação e higiene. Além de acompanhamento em atividades externas como atendimentos médicos, possui também parceria com a Casa do Caminho e o restaurante popular. De acordo com Lidiane Oliveira, gerente da instituição, a atual conjuntura fez com que “muitas pessoas se desestabilizassem, tanto financeiramente, quanto psicologicamente”, conclui.

Dados da Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência Social e Políticas Integradas (Semcaspi) em parceria com o Centro Pop, revelam que houve aumento de mais de 30%, em sua maioria homens, na procura pelos serviços oferecidos pelo Centro Pop, como alimentação, banho, guarda de pertences, entre outros.
Projetos Sociais e a Solidariedade
A pandemia do coronavírus mudou a vida de milhares de pessoas em vários aspectos. A população que vive em situação de rua trava uma batalha diária para conseguir lidar com a pobreza e o descaso. Além das preocupações com alimento e moradia, surge uma maior com a saúde. Por mais que não seja algo fácil, a solidariedade acende dentro daqueles que se dispõem a ajudar como podem. A ineficácia das políticas públicas fez com que se destacasse o trabalho das Organizações Não Governamentais (ONGs) e os projetos sociais.
“Notei que o número de pessoas em situação de rua aumentou muito, principalmente famílias que ficaram sem renda nesse período de pandemia. A quantidade de crianças também é crescente”
Vitória Kércia, coordenadora do projeto social Doar Promove Vidas (DPV)

Para Kércia, não basta apenas doar alimentos e roupas a essas pessoas. É necessário levar um bom papo, pois muitos precisam de uma palavra amiga para que se sintam mais acolhidos. A jovem pede que a prefeitura seja mais ativa dando assistência aos projetos sociais menores que ainda não são cadastrados, e assim, prestar melhor apoio a pessoas nessas condições.
