São milhões de pessoas pelo mundo que sofrem com dores intensas de cabeça, pelo simples fato de comer
Ribamar Muniz e Sérgio Tomaz
Sendo considerada uma das dores de cabeça mais comuns do mundo de acordo com o Ministério da Saúde, a enxaqueca é um tipo de dor (cefaleia) que se caracteriza por uma especie de pulsação em um dos lados da cabeça (às vezes nos dois lados). E acompanhada de sintomas como náuseas, vômitos, fotofobia e fonofobia (hipersensibilidade à luz e som respectivamente). As crises de enxaqueca podem variar de 4 a 72 horas, os números de casos entre homens podem chegar aos 10%, já entre as mulheres a taxa sobe para 25%.

São milhões de pessoas pelo mundo que declaram seu amor à comida. Mas para muitos exercer essa paixão, tem um preço. Como algo tão gostoso de comer, que traz sensações de prazer, pode nos fazer mal? Acredite, a forma como e o que as pessoas comem é a principal causa de doenças sérias e de mortes pelo mundo. Essa relação entre alimentos e saúde, abre espaço para falarmos sobre: enxaqueca e alimentação.
Considerada a terceira enfermidade mais prevalente no mundo, a enxaqueca é muito mais que uma dor de cabeça. Ela incapacita pessoas. E se alguns alimentos podem agravar crises da doença, a nutricionista Renata Alves, dá algumas dicas: “Alimentos que possuem a substância Amina Bioativa, como o chocolates, queijos maturados, vinhos tintos, cerveja e os que possuem carboidratos refinados, como café, pães, massas fritas: coxinhas, pasteis e adoçantes, devem ser evitados ao máximo”, elucida.

“Sempre
amei chocolate. E comia quase que diariamente. Ainda na pré-adolescência
comecei com umas crises sérias e frequentes de dores de cabeça. Mas jamais
imaginei que o chocolate poderia ter uma relação com isso. Resolvi prestar à
atenção. Um dia estava sem dor, peguei
uma barra de chocolate e comi um pequeno pedaço. Em menos de um minuto senti
umas pontadas na cabeça. Procurei um médico”. Esse é o relato da Emanuele
Cachina, 25 anos e há 15 com crises de
enxaqueca. O amor pelo chocolate desperta em Emanuele não só o desejo de comer vários
bombons e barras do doce, mas também dor. Dores que vem acompanhadas, segundo
ela, de tontura, suor frio, fotofobia, vontade de vomitar entre outros
sintomas.
O estudante Ricardo Cavalcante, não aceita que uma fruta tão deliciosa como a melancia lhe faça mal. “Chocolate eu até entendo. Tem gordura, muito açúcar. Mas melancia, cara. Eu não acreditei. Eu amo melancia. Minha fruta preferida. É uma paixão mesmo, sabe? Melancia é a coisa mais linda do mundo. Já reparou? Meu Deus!” Esse é o discurso apaixonado e de revolta do estudante. Depois de sentir os vasos sanguíneos da cabeça pulsarem e desmaiar, foi diagnosticado com enxaqueca. recebeu uma lista com restrições para alguns alimentos, A sua amada melancia, estava inclusa.
A técnica em contabilidade Anny Lopes também evita comer melancia, sua enxaqueca a proíbe de consumir uma das suas frutas preferidas. “Eu sempre sei que vou ficar com dor, é muito complicado por ser apaixonada pela fruta, já fico triste”, afirma Anny. Além de melancia, Anny abstém-se de comer outros alimentos por conta da doença: carne bovina, amendoim e castanhas. Ela argumenta ainda que quando fica sem se alimentar por muito tempo se sente mais propícia a sofrer crises de enxaqueca.
Apesar de sofrer, Marcela Alcântara exercita a teimosia e, sempre que pode, deixa claro seu amor por um bom queijo. “Já faz tanto tempo que tenho esse problema de dor de cabeça, que quando vejo queijo como mesmo. Apesar de ser ruim, às vezes nem ligo. Mas ficar sem ir à uma queijaria perto do meu trabalho, eu não fico (risos).”
É importante destacar que nem todo mundo tem as mesmas restrições alimentares. Para algumas pessoas o café e o álcool, por exemplo, não fazem mal. A nutricionista Renata Alves comenta sobre os alimentos associados à redução da enxaqueca. “Alguns produtos que possuem magnésio e complexo B, podem ajudar. Castanhas e nozes, alimentos vegetais verdes, como brócolis, rúcula, agrião… Os alimentos que possuem ômega, também são fortes parceiros: linhaça e xia, peixes selvagens”, finaliza.

A título de informação, a enxaqueca não é causada só por alimentos. O neurologista Mário Peris, explica que a enxaqueca é uma doença multifatorial e vai além da alimentação. “Uma parte é genética, hormonal da mulher, sobrecarga física e mental, sono ruim, sedentarismo, ansiedade.” Destaca.
A doença atinge uma em cada sete pessoas, o que representa, no Brasil cerca de 30 milhões de indivíduos. A mulher tem três vezes mais incidência que os homens.
Tratamento
Uma informação muito importante foi divulgada no inicio do mês de abril de 2019, sobre o primeiro tratamento preventivo específico para enxaqueca no Brasil. Trata-se de um medicamento biológico aprovado pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária-Avisa. A previsão é que a população tenha acesso ao tratamento ainda no primeiro semestre deste ano, em seringas pré-preenchidas e com doses únicas. O medicamento biológico tem eficácia comprovada e consegue impedir o ciclo da doença e crises.
O neurologista Mário Peris esclarece sobre como funciona o tratamento com medicamento liberado pela Anvisa. “O que esse remédio faz, através de anticorpos, injetável, é sequestrar e limpar as substância das dores e as crises diminuem”. O neurologista também faz uma alerta. “A enxaqueca deve ser tratada preventivamente, para evitar que venha as crises. E não só como a maioria das pessoas Fazem, que tratam só na hora que vem a dor, com analgésico”, conclui.
A produção jornalística que você acaba de ler/ouvir faz parte do trabalho desenvolvido pelos estudantes da disciplina de Laboratório Avançado II: Webjornalismo – 2019.1, administrada pela professora Dra. Juliana Teixeira.